

Grande número de eminentes sábios tomou parte no certame, entre eles, o abalizado matemático Koenig. Apurou este que os ângulos maiores deviam apresentar 109 graus e 26 minutos, e os menores 70 graus e 34 minutos. O resultado parecia satisfatório; nem houve quem contradissesse ao afamado cientista. Não houve? Houve, sim, e foi uma criatura bem miudinha - a abelha.

Ter-se-ia a abelha enganado? Estariam em erro os profissionais da nossa inteligente raça? À falta de uma solução satisfatória, foi a questão caindo, a pouco, no olvido [esquecimento], em tácito desconceito dos himenópteros.
Eis senão quando um fato inesperado vem projetar nova luz sobre o problema! Acontece que um navio mercante dá num escolho e faz água. Responsabilizado pelo desastre, o comandante prova não haver culpabilidade de sua parte, porque se guiara exatamente pelas tabelas logarítmicas das escolas náuticas do país. Foram essas tabelas submetidas a uma rigorosa averiguação, e descobriu-se nelas um erro insignificante, mas bastante para fazer desviar um navio do seu rumo primitivo.
Ora, dessas mesmas tabelas é que Koenig se tinha servido na solução do problema
de Réaumur. Estava, pois, errada a base do cálculo. Reconstruído sobre a verdadeira base, o cálculo de Koenig coincidiu perfeitamente com a antiquíssima tradição do povo das abelhas.

Grande vitória? O inseto derrotando o homo sapiens num certame de matemática! Quantos anos de trabalhos e canseiras não passa o homem para penetrar nos segredos da matemática, das equações, das raízes quadradas e cúbicas, dos cálculos diferenciais e infinitesimais! Que cabedal de esforço intelectual para desvendar os mistérios da geometria e da trigonometria! Segredos esses que uma desprezível abelhinha conhece, e sabe aproveitar com infalível segurança, desde o primeiro momento da sua existência.
Fonte: Maravilhas Do Universo
Nenhum comentário:
Postar um comentário