sábado, fevereiro 02, 2013

SOFRIMENTO PELA IMPOSSIBILIDADE

Sofrimento pela impossibilidade

Impressionante como a gente sofre por nada.
Um cheiro que mexe conosco, um jeito de olhar contido, uma idéia inteligente... Várias na verdade. Mas não! Não é nada disso. Sofremos é pela impossibilidade.
Desde que o mundo é mundo não há nada mais afrodisíaco do que a proibição. Nada melhor do que as lacunas da improbabilidade para esquentar uma paixão. Nessas lacunas temos espaço para criar a história como quisermos, ganhar poder, inventar. Nesses espaços livres colocamos todos os nossos sonhos, toda a nossa imaginação. Criamos nosso ''personagem''. Cenas completas com fundo musical e palavras certas, finais e desfechos inesperados.
E quando menos esperamos, a pessoa desejada - o personagem - torna-se mais parte de nossas vidas do que nós mesmos.
Mas a realidade aparece mais cedo mais tarde, vem como uma angústia. Era só uma pessoa interessante, mas que agora pode nos matar. Pronto, estamos apaixonados! E a paixão tem suas etapas. Primeiro a negação e depois a maximização. Daí é a vez da "superlativização'' e é aí que mora o perigo. Se a pessoa passa a ser única, ela então passa a ser nossa única chance de ser feliz. E, se ela não quer nada conosco, consequentemente acabamos de perder nossa única chance de ser feliz. Seja bem-vinda, frustração.
Isso é ridículo! Amor platônico é para adolescentes. Lá fora há milhares de possibilidades de felicidade, de felicidades possíveis. De realidade. E nós quase que eternamente trancados na porta que o mundo fechou na nossa própria cara, fazendo questão de questionar e atentar o inexistente.
Vamos viver um grande amor! Antes de sentirmos nossas pernas tremerem pelo inconquistável e apagarmos as luzes do mundo por um único brilho falso, olhemos dentro de nós mesmos e perguntemos: estupidez, masoquismo ou medo de viver de verdade?

Adaptação de texto de Tati Bernardi