sábado, maio 31, 2008

As belezas da SERRA DO CIPÓ - MG

As belezas da SERRA DO CIPÓ - MG

A Serra do Cipó está localizada no estado de Minas Gerais.
Está a 90 quilômetros a nordeste de Belo Horizonte, logo depois da cidade de Lagoa Santa, na região sul da Serra do Espinhaço, no divisor de águas das bacias hidrográficas dos rios São Francisco e Doce.
É um dos conjuntos naturais mais exuberantes do mundo. Sua história geológica é complexa e data do período pré-cambriano, com suas rochas arenosas que foram formadas por depósitos marinhos há mais de 1,7 bilhão de anos.
A diversidade da sua vegetação é altíssima, e muitas espécies são encontradas somente ali. A fauna é representativa e abriga várias espécies ameaçadas de extinção.
Para preservar este patrimônio natural, foi criado o Parque Nacional da Serra do Cipó. São ao todo cem mil hectares de cerrados, campos rupestres e matas, além de rios, cachoeiras, cânions, cavernas e sítios arqueológicos preservados.
Localizado na região, o distrito de Serra do Cipó (antigo Cardeal Mota) se situa na bacia do Ribeirão Soberbo, tributário da bacia de drenagem do Rio Cipó, que dá nome à região. Pertence ao município de Santana do Riacho, cujo acesso se dá por estradas de terra batida em um trajeto de aproximadamente 30 quilômetros. Pela proximidade com o Parque Nacional, faz parte da região circunscrita à Área de Proteção Ambiental (APA) Morro da Pedreira.
O distrito de Serra do Cipó é cortado pela rodovia estadual MG-010, asfaltada em 1985, que o liga a Belo Horizonte e o articula com outras cidades do norte de Minas.
A transformação da Serra do Cipó vem se processando rapidamente, principalmente após a criação do Parque Nacional. A infra-estrutura para o turista conta hoje com estabelecimentos comerciais, inúmeros hotéis e pousadas, áreas de camping estruturadas.
Em geral é a beleza e pureza das águas que atraem o maior número de visitantes. Em decorrência do relevo acidentado observa-se a freqüente formação de cachoeiras, corredeiras e piscinas naturais, que mantêm o seu volume de água constante durante quase todo o ano devido ao aspecto areno-rochoso do solo. Típicos também da região são os cânions, gargantas sinuosas e profundas que abrigam cachoeiras e poções em seu interior.
Uma das figuras mais conhecidas da Serra do Cipó é o lendário Corujão da Serra, o chamado Juquinha, cuja memória foi homenageada pela prefeitura com uma imponente estátua.


A fauna

A fauna da região é riquíssima, porém pouco estudada (menos conhecida que sua flora). Em um levantamento preliminar realizado em 1977 constatou-se a presença de 56 espécies de mamíferos distribuídos em 15 famílias.
Estudos recentes da sua fauna têm-se concentrado em insetos, anfíbios, peixes, répteis e aves.


Insetos

Entre os insetos, os formadores de galhas, as formigas, os minadores de folhas, os mastigadores, sugadores e moscas de frutas têm sido estudados quanto aos padrões de distribuição e diversidade. Estudos recentes também têm sido conduzidos sobre insetos aquáticos e abelhas da região.
A maior diversidade mundial registrada de espécies de insetos formadores de tumores vegetais é encontrada em vegetações esclerófilas do campo rupestre da Serra do Cipó. O mosaico de habitats e condições climáticas da região são fatores que influenciam o alto endemismo, especiação e radiação da sua fauna, sendo portanto de vital importância seu estudo detalhado.
O grau de endemismo da fauna é também muito alto, ressaltando-se os insetos e anfíbios.
Por exemplo, cerca de 90% das espécies de Cecidomyiidae (Diptera) são novas para a ciência, sendo que inúmeros gêneros estão sendo descritos pela primeira vez (Lara & Fernandes 1998).
Algumas espécies de abellhas e microlepidópteros galhadores da Serra do Cipó são apenas encontradas em montanhas andinas.


Anfíbios

Nas altitudes superiores destacam-se as presenças da rã diurna, Phyllobates Flavipictus, de colorido vivo, e do sapo de pijama Hyla Cipoensis, bem como H. machadoi e H. pinima.


Répteis

A população local do jacaré-de-papo-amarelo (Caiman latirostris) está se recuperando lentamente, podendo alguns indivíduos de idades diversas ser avistados no interior do Parque. Os grandes lagartos tiús (Tupinambis teguixim) são avistados facilmente nas bordas de matas nos meses quentes. O pequeno lagarto arborícola conhecido como bicho-preguiça (Polychrus acutirostris) pode ser visto facilmente sobre galhos baixos.
Os pequenos lagartos terrestres dos gêneros Ameiva (de costas de cor verde viva) e Tropidurus (castanhos) são comumente observados em áreas abertas. Diversas cobras não-venenosas, como a jibóia (Boa constrictor) são frequentemente avistadas.


Peixes

Duas espécies novas de peixes foram recentemente descobertas nos rios da UC, estando em processo de descrição taxonômica.


Mamíferos

Raposas (cachorros-do-mato), veados-catingueiros (Mazama gouazoubira, cervídeo), veados-mateiros (Mazama americana, cervídeo) e micos (Callithrix penicillata, primata) são relativamente comuns; as capivaras (Hydrochoerus hydrochoeris, roedor) são abundantes, principalmente no vale do Rio Cipó.

Várias espécies de mamíferos ameaçadas de extinção são encontradas na UC:

- Lobo-guará (Chrysocyon brachyurus, canídeo);

- Veado-campeiro (Ozotocerus bezoarticus, cervídeo), provavelmente extinto na região;

- Onça parda (Felis concolor, canídeo);

- Jaguatirica (Felis pardalis, felídeo);

- Gato-maracajá (Felis wiedii, felídeo).

- Gato-do-mato-pequeno (Felis tigrina, felídeo).


Aves

A pequena ave Asthenes luizae (joão-cipó, furnarídeo) é exclusiva do Maciço do Espinhaço, sendo por isso classificada como espécie endêmica (de distribuição geográfica restrita).
São comuns na região: a grande pernalta seriema (Cariama cristata, cariamídeo, difícil de avistar mas fácil de ser ouvida de manhã nas áreas abertas) vive em casais no cerrado e nos campos; os gaviões de tamanhos diversos (accipitrídeos) e os urubus-caçadores (Catharthes aura, catartídeo) são vistos voando sobre os campos eas matas; os gavões mais comuns são o pinhé (Milvago chimachima), o gavião-carijó (Buteo magnirostris) e o carcará (Polyborus plancus).
Uma das aves mais representativas das áreas abertas é o pica-pau chanchã (Colaptes campestris).


Conservação

Por não ter sido estudada detalhadamente nas duas últimas décadas, o conhecimento sobre a fauna de vertebrados na UC e região de entorno é bastante precário.
Trabalhos importantes de descrição de espécies foram realizados, mas estes não foram seguidos por trabalhos sobre a ecologia das espécies.
Alguns estudos tem sido feitos na Unidade ou seu entorno visando o manejo de espécies de vertebrados ou invertebrados ameaçados de extinção, em especial da onça-parda e do jacaré-de-papo-amarelo. Embora os estudos de invertebrados tenham aumentado consideravelmente nos últimos anos, estes estão aquém da relevância destes organismos na estruturação e funcionamento de comunidades, principalmente dos campos rupestres e cerrado.
A ema (Rhea americana), a onça-pintada (Panthera onca, felídeo) e o tamanduá- bandeira (Myrmecophaga tridactyla, desdentado) não existem mais na região em função da caça. Todavia, esses dados podem não retratar com fidelidade a situação atual da fauna da UC, pois datam de 1977. Algumas informações acima são fruto de observações de técnicos do Parque.
Certamente, inúmeras espécies da fauna brasileira ameaçadas de extinção encontram refúgio e abrigo no PARNA Serra do Cipó.
Entre as ameaças mais sérias à conservação dos mamíferos do Parque Nacional da Serra do Cipó e do seu entorno (APA) estão a perseguição por cães domésticos (especialmente contra pacas e veados), atropelamento na rodovia MG-10 (vitimando especialmente lagartos, cobras e veados), o desmatamento ilegal e os incêndios florestais (que vêm sendo coibidos pelo IBAMA).
É de grande importância dar continuidade aos estudos sobre invertebrados e vertebrados ora em desenvolvimento. Ainda, deve-se buscar mais pesquisadores interessados em iniciar projetos com grupos até então não estudados. Apoio e ênfase devem ser dados àqueles estudos zoológicos que visam o conhecimento da dinâmica e genética populacional, distribuição, reprodução, interações tróficas e comportamento, principalmente daquelas espécies merecedoras de cuidados do ponto de vista da conservação e manejo, como por exemplo do pássaro Asthenes luizae e do lobo guará, Chysocion brachyurus, dentre outros.
O estudo de espécies bioindicadoras da qualidade de habitats devem também ser priorizadas, como por exemplo de lepidópteros, insetos galhadores, abelhas, vespas, libélulas e formigas.


Fonte: Wikipédia / Ibama

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