terça-feira, dezembro 02, 2008

Veneza em perigo!

Veneza em perigo!

Veneza, com suas pontes, canais e gôndolas, está no inconsciente da humanidade. A cidade italiana respinga história de cada milímetro cúbico de suas águas. Foi potência comercial na Idade Média, dominou as rotas marítimas e dezenas de territórios, como as ilhas de Creta e Rodes, durante séculos.
Hoje, abriga tesouros arquitetônicos ímpares, como o Palazzo Ducale, o Campanário e a Catedral de São Marcos. Berço do viajante Marco Polo e de 6 papas, a cidade existiu como um Estado, a Sereníssima República de Veneza, durante seu apogeu econômico, entre os séculos 9 e 18. Hoje, sua principal atividade é o turismo. Os visitantes são atraídos pela história e arquitetura mas também por ser Veneza um lugar que transmite a ilusão de ser intocado pelo mundo moderno, onde se pode caminhar sossegado por charmosas ruelas, navegar romanticamente por canais e se perder em labirintos estreitos para encontrar praças escondidas.
Entretanto, essa cidade única e peculiar é vítima de efeitos do seu envelhecimento natural, da poluição e da inundação (acqua alta). A equação é simples: a cidade está afundando, e o nível do mar, por vários motivos, entre eles o aquecimento global, subindo. Veneza afunda 0,4 milímetro por ano. Mas o grande problema é que o nível do mar Adriático subiu 1,4 milímetro por ano no último século. Há relatos que calculam em 13 centímetros o tanto que a cidade já afundou desde 1900. A tradicional praça São Marcos já inundou centenas de vezes.
A ação do homem piora a situação: nos anos 30 criou zonas industriais que se utilizaram de bombeamento de água do subsolo, desde a década de 1960 polui a água com embarcações (erosão química) e há muito tempo tenta proteger a cidade desviando o curso dos rios, o que pode acelerar a erosão física do terreno. O fundo da lagoa, que tinha uma textura vegetal rugosa, está liso: isso desprotege a cidade da infiltração de água.
O primeiro piso das construções há muito não é utilizado em razão das recorrentes inundações. A água penetra nas casas pelas tubulações de esgoto e corrói paredes que não foram preparadas para ficar molhadas. Em 2002 foi aprovado o Projeto Moisés, que prevê a construção de portões submersos que, quando levantados, são capazes de bloquear as 3 entradas do mar para a Lagoa de Veneza. A obra deve ser concluída em 2011 e vai custar € 4,5 bilhões. Mesmo assim não dá para ter certeza de que os problemas serão resolvidos.


Fonte: Planeta Sustentável

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