Parabéns EDDIE VAN HALEN !
Às vezes me pergunto: quantos guitarristas devem existir no mundo? Numa população de 6 bilhões, acho que 1 milhão é uma cifra razoável. Uma parcela ínfima da humanidade, mas, ainda assim, gente a dar com o pau. Sim, porque guitarristas não se contentam, e não podem se contentar, claro, em ser criaturas anônimas e pacatas como zeladores, advogados e gerentes de banco.
Dizem que o Eddie é amado pelos tocadores de guitarra. Será mesmo? Não vejo por quê. Um cara que condenou 99,999% dessa população de 1 milhão de guitar players à obsolescência, ao estabelecer padrões praticamente intransponíveis de excelência em seu instrumento, devia ser odiado. Deviam estabelecer o dia de malhação do Eddie, a exemplo do dia destinado a Judas Iscariotes. Mas a galera tem outros meios de ir à forra. E ir à forra acaba sendo partir para o culto dos assumidamente insuficientes guitarristas, como é o caso de muitos que se acham gênio da guitarra. Ou então torcer o nariz para o fato de Eddie ser um guitarrista de rock. E, pior: de uma banda de rock que “bombou” um sucesso atrás do outro na década de 1980.
Sobre o solo de “Beat It”, de Michael Jackson, foi o primeiro grande crossover de música pop e rock pesado. E há uma história curiosa: Eddie chegou ao estúdio, tocou o solo de improviso e Quincy Jones, o produtor do disco, imediatamente bateu o martelo: “pronto, valeu, vai esse mesmo”. Foi uma verdadeira e magnífica explosão de criatividade! Perfeita, singularíssima, num primeiro take. Creio que essa história exemplifique o grande traço distintivo do Eddie: o que ele toca soa sempre espontâneo, fresco, festivo, orgástico, irreprimível.
Instrumentista com uma capacidade técnica espantosa, inventor em várias instâncias, de toda uma gama de sonoridades novas. Inventor de um shape novo de guitarra, de um uso radicalmente novo para a alavanca de vibrato (foi responsável pelo desenvolvimento do sistema Floyd Rose), de técnicas como hammer-on e tapping. Eddie Van Halen, acima de tudo isso, virou do avesso o fraseado da guitarra, especialmente o rítmo. É nesse ponto que ele é um gênio inimitável. Seu fraseado é todo quebrado, sincopado, irregular, mas, ao mesmo tempo, nítido, fluidíssimo, sintético, eloqüente e rock´n´roll. Misturado a ruídos dos mais variados, como o de uma chave de fenda elétrica, que soa como um secador de cabelos, na faixa “Panamá”, do disco 1984.
A verdade é que raríssimos sequer entendem o que Eddie está tocando quando sola. E, se entendem, são incapazes de suas nuances de interpretação. A molecada se impressiona com o fato de Eddie ser veloz, mas não é bem por aí. Se a comparação procede, Eddie é veloz em Spa-Francorchamps. Seus concorrentes, em pistas ovais da Indy, são como o Piquet costumava se referir ao Nigel Mansell e outros: "idiotas velozes".
Já o Eddie lida com outra ordem de demiurgia, sem dúvida superior: o encantamento. Sim, Eddie é um mago, um artista verdadeiro dotado de uma criatividade orgânica, um dos músicos mais inventivos de todos os tempos, não simplesmente um extraordinário David Copperfield tirando coelhos e semifusas da cartola.Texto de Eduardo Haak

Obs.: Parabéns à EDDIE VAN HALEN, que completa hoje 53 anos de idade.
Só tenho a agradecer por sua existência. Fica aqui minha sincera homenagem ao meu maior ídolo e inspirador, que soube mostrar e resumir o que é felicidade num simples gesto de tocar guitarra, sempre com um sorriso maroto no rosto.
Ricardo M. Freire















Nenhum comentário:
Postar um comentário