sexta-feira, março 14, 2008

O Códice Maia

O Códice Maia

O tema desse misterioso livro poderia estar ligado a religião, a astronomia, aos ciclos agrícolas, a história ou até mesmo a profecias, contudo podemos observar que o Códice possui um valor próprio, que o coloca em um patamar que não deve ser rotulado por nenhuma definição, apenas a de estar totalmente relacionado com o “mundo superior”, um mundo que talvez ainda não tenha sido imaginado por ninguém.
Na tradição Maia, para escrever nas páginas de um Códice era necessário ter um contato direto com os deuses, onde o produto daquela escrita era considerado um objeto sagrado, sendo conservados em quartos específicos dentro dos maiores templos e edifícios da civilização. Isso mostra a importância dada pelos Maias com relação aos livros sagrados.
Durante as festas e cerimônias especiais, os códices eram escritos em público, depois de sujeitar os participantes a rituais de purificação e renovação. Essa revelação chamou bastante à atenção dos estudiosos, que conseguiram assimilar a grandiosidade desses eventos, onde os Maias tiveram a preocupação de relatá-los em seus livros sagrados. Tais escrituras passaram pelas mãos de vários doutores da lei meso-americana e indígena, devido à complexidade que é decifrar e interpretar os códigos Maias.


Composição

Os Códices Maias possuem algumas semelhanças com os nossos livros atuais, uma delas é o fato dele ser elaborado em papel, de modo diferente do nosso, mas com a mesma finalidade. Esse papel era chamado de Kopó, que era feito com folhas da árvore de figo, embora ainda tivessem em sua composição o algodão e alguns outros materiais.


Processo de produção

O processo de produção utilizado pelos maias era muito semelhante aos processos utilizados por outras civilizações indígenas. O material, depois de misturado, era trabalhado da seguinte forma: a massa resultante da mistura era prensada, e alongada horizontalmente e verticalmente, até se obter uma macia e fina fibra. Depois desse processo era feito a secagem do material, que era exposto ao sol. Com isso surgia uma folha de dimensão 15 por 25 cm, que formavam as páginas dos Códices. As páginas eram cobertas com uma “goma”, e finalmente preparada com a utilização de carbonato de cálcio, que dava consistência ao material.
Em cada página eram pintadas grossas linhas vermelhas, vertical e horizontalmente, formando quadros, que eram interligados entre si, formando o tema proposto para aquela ocasião. Os tópicos tratados poderiam ocupar uma ou várias páginas.


Características

Talvez o tema mais interessante dos Códices seja o das profecias, que eram adivinhações baseadas no Tzolkín (calendário maia de 260 dias). Cada um dos dias era representado por uma carga de energia, que eram interpretadas de um modo diferente, de acordo com o indivíduo ou comunidade que tivesse consultado o Códice. Essa cargas também mudavam de acordo com o momento.
Nos Códices Maias eram encontrados calendários com datas significativas para os homens, revelando o período e o momento de cada uma delas. Talvez seja por isso que os Códices possuíam uma importância divina para a sua civilização. Tais datas representavam situações cotidianas, fatos astronômicos e premonitórios.


Destruição e Salvação

Os conquistadores espanhóis chegaram à península de Yucatan, no México, no começo do século XVI, quando a maioria dos centros cerimoniais Maias já haviam sido abandonados, e o esplendor da civilização chegado ao fim. Mesmo com a decadência da civilização, ainda eram encontradas comunidades indígenas, conservando a organização social, idiomas, tradições e religião, além de continuarem elaborando os Códices.

Os ideogramas encontrados nesses documentos provocaram tanto curiosidade quanto medo nos missionários europeus, que rapidamente implantaram o catolicismo nos remanescentes daquela civilização. A curiosidade foi tanta, que os espanhóis deram ordem para achar e agrupar todos os Códices encontrados, com o intuito de decifra através da ajuda de interpretes. A aversão a tais características encontradas nos Códices foi tanta, que muitos deles foram queimados, eliminando riquíssimas informações sobre aquele misterioso povo.
Um dos autores deste trabalho destrutivo foi o bispo de Yucatan, irmão Diego de Terreno Pantanoso (1524 – 1579). É incalculável a quantidade de Códices que foram enviados as chamas, porque eram vistos como produtos diabólicos: “Um número grande desses livros não tiveram outra coisa a não ser superstição e falsidades do demônio, que se maravilha ao ver a dor, assim queimamos tudo”. Esta é uma frase utilizada pelo bispo ao descrever aquela situação.
Ao ver a grande devastação a quem estavam sujeitos, os maias enterraram muitos Códices, e alguns foram escondidos em cavernas, afim de evitar a destruição pelos espanhóis. Deste modo, muitos manuscritos foram salvos da destruição, pelo menos momentaneamente. Depois de alguns anos, os maias já dominavam a língua espanhola, dessa forma eles transcreveram para a nova língua aqueles Códices que haviam sido escondidos.
Com o tempo, muitos dos manuscritos que estavam enterrados já haviam se deteriorado, devido à umidade do subterrâneo, onde a maioria deles é formada por pedaços completamente apagados, ou ilegíveis.
Porém, três Códices sobreviveram quase por completo ao fogo e a água, quase que misticamente. Tais manuscritos passaram por diversas mãos, muitas estradas, até chegarem ao continente europeu, resistindo por mais de 250 anos, até que foram enviados para locais onde pudessem ser mantidos conservados, o destino deles foram: Dresde (Alemanha), Paris (França) e Madrid (Espanha).
Os manuscritos mais importantes vêm do norte de Yucatan, e eles são conhecidos como “Livros de Chilam Balam”, que pode ser traduzido como “Livros do Adivinho das Coisas Escondidas”.

Com certeza tais manuscritos guardam segredos inimagináveis, e o mais interessante é que existe a possibilidade de novos Códices serem encontrados, tanto na região da antiga civilização Maia, quanto espalhados pelo mundo. Um verdadeiro tesouro de conhecimento e mistério esta sendo procurado por milhões de pessoas.


Fonte: Dois Mil E Doze

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