quinta-feira, janeiro 11, 2007

Amores, paixões ou furacões


Amores, paixões ou furacões


Muitos anos após meu último "episódio amoroso" aqui estou, quem diria, novamente falando sobre o assunto. Eu denomino episódio amoroso pelo simples fato de eu não saber o que é ou qual a diferença entre amor e paixão. Talvez nem tenha explicação mesmo...
Mas o fato é que existe uma garota na minha cidade natal, Belo Horizonte, que virou minha vida aos avessos! Acho desnecessário citar nomes aqui neste momento, o importante é deixar registrado os fatos. Foi no período em que estive morando lá, calculo que entre 1997 e 2001. Claro que neste período muita coisa aconteceu, muitas idas e vindas... Na verdade nunca houve um certo tipo de relação, digamos que, respeitosa entre nós, mas que existiu algo, isto existiu!
Demorou pra que eu a tirasse da cabeça, e quando aconteceu, vejam que interessante, fiquei preocupado... Sim preocupado, pois eu pensava que ela fosse o máximo, o topo, o auge, a melhor pessoa que eu pudesse ter encontrado ou a perfeição propriamente dita. Eu ficava imaginando como seria a próxima mulher a mexer com meus sentimentos, que me faria, como se diz na gíria popular, me fazer "tremer na base"! As vezes chegava a ficar desiludido até, sem esperanças, temeroso de que não aparecesse outro "furacão" em minha vida. Podem achar isso tudo um tanto drástico demais, mas enxergo a coisa assim, seria como o Pelé do futebol, ou o Ayrton Senna da Fórmula 1, ou os Beatles da música.
O primeiro furacão todos sabem quem foi, eu era bem novo, tinha entre 18 e 19 anos, foi no início dos anos 90. Aconteceram outros fatos marcantes antes disso, é claro, mas considero este o primeiro pela minha idade já citada na época. Acho que qualquer coisa que tenha acontecido antes disso deva ser desconsiderado, talvez pela imaturidade.
Uso a expressão "furacão" por achar esta palavra forte, tão forte quanto o fenômeno da natureza propriamente dito. Ele chega de surpresa, a gente nem vê, e quando vemos, já fomos atingidos!
Depois desta minha primeira experiência verdadeira, também achava que não fosse encontrar outra pessoa à altura. Isto claro me referindo ao meu ponto de vista, na minha concepção, digo isto por ser extremamente perfeccionista, ou sitemático, como preferirem. Nunca fui de sair beijando a mulherdada por aí, e quando fiz, acreditem, ou a pessoa chegou a me interessar de início ou tentei traçar um caminho pelo fato de reconhecer o verdadeiro valor daquela pessoa com quem estava. Mas infelizmente, não mandamos em nosso coração...
E quando eu achava que tudo estava perdido da primeira vez, eis que um raio caiu no mesmo lugar, contradizendo aquele velho ditado popular no que diz respeito a "um raio que nunca cai no mesmo lugar". Mas caiu! E por ele ter caído no mesmo lugar, eu achava que seria demais se caisse no mesmo lugar uma terceira vez. E não é que caiu? Isso prova o que muita gente me dizia ou ainda diz: "só um amor cura o outro"! Só que ser atingido por este "raio" três vezes em diferentes estágios da vida é complicado! Uma coisa é ter menos de vinte anos, outra coisa é ter vinte e poucos anos e outra coisa é ter mais de trinta anos de idade. Quando se tem mais de trinta, as coisas acontecem meio que vagarosamente, os acontecimentos passam a ser mais raros, talvez menos intensos e por serem assim, considero-os mais marcantes! Posso estar enganado por pensar assim, pois atualmente o terceiro "furacão" ainda está passando! Sim, ele veio, e agora que estava com trinta e três anos.
Quando ele vai embora? Tento tirá-lo da minha vida, mas está difícil, muito difícil! Não quer passar, parece ter estacionado e querer ficar onde está. Ele chegou em junho, me lembro claramente como se fosse hoje! Vou contar pra vocês...
Ela estava lá, bem na frente dos meus olhos, bem debaixo do meu nariz! Todos os dias, o tempo todo... Eu a achava super atraente, charmosa, sensual, delicada... Tinha um lindo sorriso! As vezes eu a achava engraçada, acho que por ser nova naquele lugar, um pouco perdida, mas conseguia sempre se sair bem, sempre com inteligência, com muita categoria, sem qualquer tipo de apelação. Tentava ignorá-la, fazer com que ela não estivesse lá, mas estava, e sempre prendendo minha atenção! Incrível, chegou num certo ponto que só tinha olhos pra ela! Acho que se estivéssemos num local com um milhão de pessoas, seria capaz de enxergar somente ela entre tantas pessoas! A situação chegou a tal ponto em que o foco era totalmente voltado à ela, deixando os outros propósitos completamente para trás! Achei que devia tentar uma aproximação, afinal de contas não tinha absolutamente nada a perder, apenas deixar meu orgulho um pouco de lado. O meu orgulho é tanto que só de saber que uma pessoa seja popular ou que chame a atenção das outras, me faz com que fique longe dela, querendo mostrar-lhe que não me faz diferença alguma. Alguns enxergam isto como um jogo de sedução... É como se fosse assim: eu chego num lugar onde existe uma mulher maravilhosa e que todos os homens estejam loucos por ela. Então faço questão de evitá-la totalmente levando-a a pensar da seguinte maneira: "por quê todos os homens estão olhando para mim, menos aquele?". Mais ou menos isso...
Mas enfim, deixei meu orgulho de lado e parti pra cima! Fui de começo cauteloso, fui devagar, puxando papo, almoçando junto, conversando, fazendo brincadeirinhas, me aproximando aos poucos... Mas quando fui ver, o tal "furacão" já tinha chegado e me devastado!
Existia um obstáculo, apenas um... Ela estava comprometida! Mas não sou de desistir tão fácil, e ainda por cima havia uma esperança, seu relacionamento não estava nada bom... Era o momento certo definitivamente! E num belo dia, veio a tão esperada notícia! Ela havia terminado o relacionamento com o namorado... Senti que era a minha hora, que eu era a "bola da vez"! Algumas amigas dela me diziam que alguma coisa realmente estava rolando da parte dela para comigo... Era tudo o que eu precisava saber!
Então aconteceu... Ficamos juntos, rolou! Foi maravilhoso, perfeito... Eu estava completamente apaixonado, estava alucinado, bobo, totalmente entregue! É claro que eu tinha um pé atrás, sempre tenho com todo mundo, mas ela era perfeita! Era carinhosa, inteligente, educada, agradável, companheira, tinha um papo legal, era simples... Ela me permitia ser eu mesmo. Cheguei a abrir mão de alguns princípios, fui em lugares com ela que jamais iria por vontade própria, mas fazia por me sentir bem com ela, por vontade de estar com ela, ao lado dela, e não pra satisfazer as suas vontades. Estava tudo muito perfeito, era até de se estranhar... Eu queria estar com ela todos os dias, eu escrevia cartas, escrevia bilhetinhos, fazia desenhos bem humorados... Saíamos juntos, me apresentou para a família e amigos... Conversávamos de tudo, tínhamos uma relação honesta e extremamente discreta. Tinha orgulho de estar com ela, me fazia a pessoa mais feliz do mundo! Fiz questão de apresentá-la para todos os meus amigos, e os que não a conheceram, ao menos ouviram falar dela ou ficaram sabendo dela. Eu tinha planos para o futuro, afinal de contas eu estava certo de que ela era a mulher da minha vida, não me restavam dúvidas!
E quando tudo parecia ser um mar de rosas, acabou! Foi como um filme de romance, mas com um final triste... Foi rápido, muito rápido! Mais rápido do que quando as coisas começaram a acontecer.
Até hoje fico me perguntando onde foi que errei. Afinal de contas nunca, jamais tínhamos tido qualquer tipo de discussão, briga ou desentendimento. Jamais cometi qualquer ato de ofensa ou infidelidade! E este é o ponto onde quero chegar!
As vezes achamos que o problema é com a gente, mas não... O fato de eu querer estar sempre com ela, perto dela, ao lado dela, a fez se sentir sufocada, de certa forma pressionada ou a sentir um grande peso nas costas. Ou ainda na pior das hipóteses, poderia ela simplesmente não sentir absolutamente nada por mim ou até que sentisse, mas não a ponto de fazer com que ficasse comigo.
Resumindo, nem sempre as coisas são do jeito que aparentam ser. É preciso sempre agir com a razão e não com o coração. Isto por razões diversas... No meu caso não a culpo, afinal de contas ela é jovem, e tinha saído recentemente de um relacionamento. Mas há quem diga que isto tudo é bobagem. Há quem diga que quando existe um amor verdadeiro entre duas pessoas, nada o afeta, nada atrapalha! Não existe cor, tamanho, raça, distância, preconceito, nível social, defeito físico, gostos diferentes... O amor quando é verdadeiro, é verdadeiro e pronto!
Alguém duvida disso?

Ricardo M. Freire

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