quinta-feira, abril 26, 2007

TV = LIXO

TV = LIXO

Alguns profetas já nos anunciaram o fim da televisão - ao menos como hoje é. Alegam que a internet, o qual em breve já terá tudo o que as redes televisas apresentam, acabará por tomar todo o espaço de entretenimento, com qualidade e diversidade jamais imaginada (ou possível) para caber em simples televisores. Aliás, sobreviverão os televisores, conectados ao PC. O que acabará, segundo os tais vaticinadores, é a emissora, a escolher programação para o imóvel espectador.
Não sou de profetizar, mas sinto que as previsões têm sido alimentadas sobretudo pela horrível qualidade que as emissoras, cada vez mais dependentes da audiência, apresentam. Vejamos o caso do Brasil. Há alguns anos, esperava-se por um aperfeiçoamento do que era feito. Lembro-me de que havia uma certa esperança do tipo "hoje os programas que assistimos são ruins, mas a mídia é nova e logo saberá o que fazer, melhorando a cada ano". A tal melhora jamais chegou e as emissoras simplesmente definharam, chegando ao lixo que hoje nos espanta. A repetição de fórmulas, a permanência de certas manhãs e caras, a aposta na mesmice pouco educativa e mais um sem-fim de erros fazem da televisão, hoje, uma caixa estúpida e desanimada.
Há alguém que veja com respeito o que é feito pelo SBT? O que me espanta é que a tal rede não tenha ainda ido à bancarrota, por tantos e tantos desserviços à cultura deste país. E a Record? E a Rede TV, cuja programação chega a ser surreal (de tão cretina)? Alguém vê com respeito? Alguém ainda encontra esperança de que as emissoras sirvam para alguma coisa? A própria rede Globo, a qual se salva por apostar ainda em meia dúzia de programas razoáveis, talvez seja a que mais colaborou para a imbecilidade vigente neste país, investindo em novelas e séries que proliferam o vazio, num déjà vu interminável e cansativo.
Enquanto isso, não distante, a internet vem sendo feita por praticamente todos os internautas, com blogs, sítios de vídeos e compartilhamento de tudo o que é possível ser compartilhado. Assim, fica bem fácil vaticinar e decretar o fim da televisão. Não creio que fora do Brasil a coisa seja muito diferente. Ainda há quem se divirta com os seriados americanos - coisas do tipo Lost, que eu confesso achar tão empolgante quanto as "novelas da sete" feitas neste canto do mundo. Muda-se a língua, mantem-se o vazio.
E enquanto houver Big Brother, programas de auditório com apresentadores nitidamente cínicos e novelas com atores que jamais souberam o que é atuar, a coisa vai ladeira abaixo - e tão logo encontrará o seu tão miserável fim. Conforme o que se vê pelas emissoras da televisão paga, as únicas que nos importam, são aquelas de programação esportiva, filmes ou desenhos animados as quais parecem, creio eu, respeitar a inteligência alheia. Há ainda bom interesse - Canal Brasil, Sport TV, Espn Brasil e Telecine Cult são exemplos de que ainda é possível se fazer "televisão" inteligente.
Para o bem do pais, juntemos Cultura, SBT, Globo, Record, Rede TV, Gazeta e Band num único canal. E ainda assim seria difícil chegarmos a uma única emissora que merecesse algum crédito. Que as profecias logo se concretizem. Ou que logo a revolução chegue aos canais de nossa tão pobre televisão aberta.

(Texto de Gérri Rodrian)


Obs.: Como comentário final, gostaria de deixar bem claro o quanto é bom eu saber que não estou sozinho nesse nosso mundinho tosco. Taí o texto de Gérri Rodrian, amigo de minha também amiga Viviane Ponstinnicoff, provando o que sempre falei sobre a nossa pobre televisão brasileira. Obrigado Gérri Rodrian por fazer com que eu não me sinta um extraterrestre, o Brasil precisa de gente assim como você!

Ricardo M. Freire