Viva o LOBÃO !!!!!!!
Deixar de falar sobre o gênio LOBÃO no meu BLOG seria no mínimo uma tremenda injustiça para com a cultura.
Muitos já ouvimos esse apelido, mas quem arrisca dizer que conhece ao menos metade da trajetória sonora e artística desse cara? Creio que poucos.
Mas gênio? Sim, eu disse gênio. Eu explico, mas antes um rápido resumo sobre a vida e a obra de LOBÃO...
O nome João Luiz Woerdenbag Filho lhe diz algo? Esse é o nome que está por trás do apelido de Lobão (João Luís Woerdenbag Filho nasceu no Rio de Janeiro RJ em 11 de Outubro de 1957).
Tendo aprendido violão e bateria na adolescência, aos 17 anos sai da casa dos pais no Rio de Janeiro para se tornar músico profissional, participando de uma peça e em seguida integrando em São Paulo a banda Vímana, ao lado de Lulu Santos, Ritchie, Luis Paulo e Fernando Gama. A Vímana durou três anos e lançou um compacto.
Depois do fim da banda, Lobão continuou atuando como baterista profissional, tocando com Luís Melodia, Walter Franco e Marina. Em 1980 participa da primeira formação da Blitz, saindo do grupo antes do estouro. Dois anos mais tarde grava o primeiro álbum solo, "Cena de Cinema", que começou como uma precária fita cassete que chegou à Rádio Fluminense. Fez tanto sucesso que a RCA Victor comprou o disco e o lançou comercialmente.
Mais tarde forma a banda Lobão e os Ronaldos, que se apresenta em Nova York e lança em 1984 "Ronaldo Foi pra Guerra", com o sucesso "Me Chama". A banda acabou em seguida e Lobão sumiu por uma época. Volta à cena em 86 com "O Rock Errou", um disco já crítico a respeito da falta de originalidade do rock, e convida Elza Soares para gravar uma faixa. Saem daí sucessos como "Revanche". No ano seguinte, Lobão é preso por porte de drogas e passa um ano na cadeia, onde elabora o disco "Vida Bandida", que faz enorme sucesso.
Quando sai da cadeia passa a freqüentar a Mangueira e se interessar mais por samba e carnaval, e em 1988 seu disco "Cuidado!", misturando samba e rock, não é bem recebido. Nos anos 90 grava outros discos e participa de festivais como o Hollywood Rock, onde foi uma das maiores atrações, e o Rock In Rio II, onde levou uma vaia histórica (não se pode levar a culpa por estar no dia, na hora e no local errados).
Alguns discos e um acidente de moto depois, passa quatro anos sem compor, apenas estudando violão clássico, remontando à adolescência. Em 95 volta a compor e lança "Nostalgia da Modernidade". Em 1999, em mais uma atitude polêmica, Lobão brigou com as gravadoras e lançou o CD "A Vida É Doce" com uma estratégia inédita, utilizando bancas de jornais, sites da internet e megastores como pontos de venda, numerando os CDs e desvinculando o lançamento das grandes gravadoras. Entre seus maiores sucessos estão "Vida Bandida", "Vida, Louca Vida", "Chorando no Campo", "Cuidado", "Rádio Blá", "Mal Nenhum" e "Canos Silenciosos".
Em 2001, Lobão lança com sucesso o cd “Lobão 2001 - Uma Odisséia no Universo Paralelo”, juntamente com o especial do show exibido pelo canal Multishow, tornando assim a marca Universo Paralelo conhecida e reconhecida no mercado fonográfico como um dos bastiões do sucesso independente no Brasil. Volta a se destacar com agitador cultural lançando, em 2003, a revista “OUTRACOISA”, em parceria com a L&C Editora. A revista traz participações de grande artistas e pensadores de nossa cultura contemporânea e lança um artista independente a cada número.
Genialidade
Não somente em se tratando de ser um excelente compositor e de ter criado músicas que se tornaram verdadeiros hinos e que marcaram toda uma geração, LOBÃO surpreende em suas atitudes.
O artista é o ''anti-mídia'' em pessoa. Há pouco tempo o vi apresentando A VIDA É DOCE, seu "CD-manifesto", e mais que isso, falando de uma indústria fonográfica mesquinha para com os criadores da sua matéria-prima, da qual ele estava se desvinculando para não regredir na sua carreira.
Para ele, ceder às gravadores e ao ''jabá'' (pra quem não sabe, ''jabá'' é o termo usado por músicos para quando um artista vai até um determinado programa de TV ou rádio para divulgar seu trabalho) é regredir.
Lobão utilizou a Internet para divulgar seu trabalho PARA O MANO CAETANO, o famigerado ataque/homenagem/paródia que Lobão desfechou contra Caetano Veloso, em formato MP3. A intenção declarada do cantor é se esquivar do dito "jabá" através do qual (na opinião de Lobão) as grandes gravadoras dominam as listas de execução das rádios. Para isso também, o cantor distribuiu a versão digital da música para as rádios FM.
Como dito anteriormente, LOBÃO utiliza bancas de jornais, sites da internet e megastores como pontos de venda, numerando os CDs e desvinculando o lançamento de suas obras das grandes gravadoras. E tem mais! OUTRAS COISAS é o nome da revista que LOBÃO lançou, dando continuidade aos projetos de sua produtora Universo Paralelo. O título, dedicado a cobrir todos os estilos de música brasileira feita de forma independente, terá um CD encartado a cada edição.
LOBÃO recusou ainda, milhões, ao proibir uma certa empresa de telecomunicação para que usasse a faixa ''ME CHAMA'' em um comercial de TV.
Algo mais a agregar: o Lobão está fazendo uma campanha de apoio às rádios comunitárias, para que elas ganhem seus diretos de legalização e para que a qualidade das emissoras, em geral, melhore. Dessa maneira será para a população mais acessível a música, trabalhos e informações feitas por ela mesma através do tempo. Essa iniciativa não fala diretamente do artista, mas de sua visão que transcende os limites da pequenez humana.
Cá entre nós, se LOBÃO não é gênio, então quem é?
Ricardo M. Freire