A realidade do povo brasileiro

A realidade do povo brasileiro

Parece que o destino do povo brasileiro, que está acostumado a ser sonhador, é mesmo morrer esperançoso.
Enquanto este povo sofre pelos seus próprios enganos, políticos vivem com o que há de melhor no mundo, viajando de primeira classe, se hospedando nos melhores hotéis, indo a festas dos marajás do mundo, comendo e bebendo do bom e do melhor.
Por que este povo é tão insensato? Por que insiste em permanecer com olhos fechados e em continuar elegendo e entregando o seu poder a pessoas que logicamente só vão se aproveitar do erário público?
Por que é tão difícil deste povo entender o mal que os políticos causam ao nosso país?
A educação só piora. Os serviços de saúde só pioram. Não temos segurança. Pagamos impostos, inúmeras taxas, enriquecemos os mais ricos e empobrecemos mais a cada dia.
Vemos a insensatez destruir o que temos de nosso, o que temos de mais lindo, nossas florestas. O mundo vê isto mas o povo brasileiro não consegue ver.
O povo ainda, chora por aqueles que não merecem uma lágrima sequer. Deixa-se enganar por organismos de imprensa inescrupulosos que noticiam apenas o que lhes interessa e aos seus patrocinadores. Deixa-se iludir por imagens lindas e por músicas emocionantes.


Jogando na loteria

Que o povo brasileiro é sonhador todo mundo sabe. Talvez o maior sonho de todos é ganhar na mega-sena, ficar rico e não esquentar mais a cabeça por falta de dinheiro, poder ter um futuro tranqüilo e assim poder garantir o futuro dos filhos e de toda a família.
Basta o prêmio estar acumulado, para as pessoas fazerem fila em frente a qualquer casa lotérica, com o bilhete da mega-sena nas mãos e com ele a esperança da tão sonhada vida melhor.
O mais incrível de tudo, é que para conseguir ganhar na mega-sena as pessoas utilizam as mais variadas dicas, macetes e até mesmo simpatias. Algumas pessoas sempre jogam os mesmos números, outras preferem jogar os números relacionados com a data de nascimento de familiares, outros simplesmente fecham os olhos e anotam os números que imaginam no momento, entre tantas outras maneiras de jogar e tentar a sorte na mega.
Talvez o que o povo deveria saber, é que infelizmente as chances de ganhar na mega são muito remotas. Segundo estudos, é mais fácil um raio cair duas vezes no mesmo lugar do que ganhar na mega-sena. No próprio cartão onde se faz a aposta é possível verificar algumas estatísticas e a chance de ganhar o prêmio sozinho apostando apenas 6 números. Para esse tipo de aposta, a chance é de 1 em 50 milhões! Isso mesmo! A cada 50 milhões de bilhetes e combinações, apenas 1 leva o prêmio. E mesmo com milhares de apostas e combinações diferentes, o prêmio acaba acumulando, o que realmente mostra que para ser um feliz ganhador da mega-sena é necessário muito mais que simpatias, dicas e sorte.


Alienação

O povo brasileiro sofre, apático, a todas as conseqüências de um sistema econômico injusto e assassino. Nossa geração é seguidora da moral do prazer, os valores são todos calcados no prazer de usar bens e serviços.
Estamos submetidos a lógica do capital globalizado, do pensamento único e uniforme neste mundo artificial criado pela mídia capitalista alienante. Esse consumo não depende mais da decisão consciente de cada indivíduo, baseada em suas necessidades e seus gostos, mas torna-se fruto de necessidades artificialmente estimuladas. Fica claro que o papel dos meios de comunicação na dominação é fundamental.
Os indivíduos a serem dominados devem agir, pensar, se vestir e gostar das mesmas coisas, assim é mais fácil centrar seus objetivos e submeter esse grupo aos interesses dos dominadores. É uma dominação ideológica, que dá a impressão de democratização social.
A alienação torna o poder tranqüilo. A pessoa alienada submete-se cegamente sem haver um questionamento. O sujeito vive sem projetos, sem ideais, a não ser cultuar sua auto-imagem e buscar satisfação aqui e agora.


Assassinando a música funk

Historicamente a música funk existe nas comunidades há muito tempo. Sempre foi instrumento para cantar os anseios, as alegrias, as dificuldades e as reivindicações. Enfim, a realidade de uma comunidade. Mas o que aparece na mídia é o "funk-bunda", que se contrapõe a esse funk “original”, através do “não dizer” a realidade. Por não dizer a realidade, ele coincide com os interesses da elite, que passa a propagá-lo. É a contradição do funk original que trata da cultura. Sendo assim, o funk-bunda só é alimentado, incentivado e propagado por atender às necessidades de alienação que a elite deseja.
O funk-bunda não reflete a cultura de um povo, mas a cultura que a classe dominante quer que aquele povo incorpore. Para isso, a mídia faz prevalecer a não-cultura como cultura legítima, potencializando as canções de pessoas sem nenhum comprometimento social-cultural. É tudo artificial, que em nada tem de liberdade ou de preferência. É uma de falta de opção que causa prejuízos culturais e sociais.
Pra quem não sabe, o verdadeiro funk nasceu nos anos 70, nos EUA, como uma vertente mais dançante da soul music. Era um rítmo tocado com banda, que influenciou e foi influenciado pelo rock, mas nunca perdeu sua identificação com a comunidade negra, ao contrário do rock, que foi "adotado" pelos brancos.
O verdadeiro funk tem como principal expoente o imortal James Brown, que faleceu no Natal de 2006, logo após completar 50 anos de carreira, mas deixou sua herança em influências que vão do próprio soul ao rock e, principalmente, ao rap, que o tem como uma espécie de "guru". O verdadeiro funk não é pornográfico, mas sim nasceu como forma de exaltar o orgulho negro e fazer dançar.

O Brasil também teve nomes representativos do verdadeiro funk. O maior deles sem dúvida, foi Tim Maia. Jorge Ben também se aventurou no rítmo, fundindo-o ao samba, rítmo que ficou conhecido como "samba-rock".
Que me perdoem os "artistas" Tati Quebra-Barraco, MC Leozinho, MC Serginho & Lacraia e outras podridões que se auto-intitulam funkeiros. Afinal de contas, além de merecer respeito, o verdadeiro funk não pode ter sua história apagada por causa da desinformação propagada pela mídia, ou simplesmente por DJs que não conhecem um mínimo da verdadeira história musical.


Fontes: Tudo Link / Rádio Livre / Jornal da Paulista / Rádio JB


Obs.: Esta é a verdadeira realidade do povo brasileiro. Um povo sonhador, completamente manipulado e alienado, e que vive de uma eterna esperança.
E nada mais...

Ricardo M. Freire