Desenhar não é dom!
Coloque um lápis e um pedaço de papel nas mãos de um desenhista que a coisa vai longe. Riscos, rabiscos, linhas, curvas e no final um belo desenho. Assim são os desenhistas, sejam eles, técnico, desenhista industrial, programador visual ou aquele que se dedica ao desenho livre. Mais importante é o que revela seus traços.
Segundo o Dicionário Aurélio, desenhista é aquela pessoa que sabe "exercer a arte do desenho", ao expressar figuras sobre uma superfície através de traços, pontos ou manchas, com a finalidade de provocar uma impressão lúdica, científica ou técnica. Cabe ao desenhista a capacidade de trabalhar representações visuais, sob os valores da luz e da sombra, delineando os contornos de uma imagem.
Os desenhistas profissionais, que não deixam de ser, de certa forma, mestres no que fazem, podem atuar em diferentes campos, inclusive, se quiserem, como artistas também. Nada impede.
Para o desenhista técnico, a ferramenta de trabalho Computer Aided Design ou, simplesmente, CAD, tornou-se essencial. Entre seus inúmeros recursos, está o processador eletrônico que possibilita editar textos e elementos gráficos, sem precisar recorrer à régua, transferidor, compasso ou esquadro. Os que usam o CAD passaram a ser chamados de "cadistas".
Geralmente eles executam, na prancheta ou no computador, os produtos idealizados e calculados por engenheiros, matemáticos e arquitetos, nos mínimos detalhes. Devem mostrar todos os ângulos do objeto, além de especificar materiais e medidas.
Aprendendo a desenhar
O que mais se ouve por aí é de que o desenho é um dom, que todo desenhista é iluminado, um escolhido dos deuses e que nasceu para brilhar.
A expressão gráfica é inata ao homem. Enquanto a escrita e a leitura têm que ser ensinadas, o desenho vem espontaneamente. Qualquer criança que pega um lápis pela primeira vez, já sai riscando traços malucos em qualquer lugar que encontre. Mas seja lá onde for, nas paredes, chão, móveis, acredite, isso é desenho. Por isso, o melhor é dar logo folhas de papel para as crianças irem se expressando.
O que ficou estabelecido na cultura ocidental é que desenho que vale é aquele que retrata fielmente a realidade, onde tudo está no lugar – perspectiva, proporção, anatomia, composição. Isso é desenho, claro, mas não é um modelo a ser seguido.
Se você só sabe fazer aquele bonequinho de palito, ou a tradicional casinha com chaminé, a árvore ou um barquinho, então parabéns, você é um desenhista.
Você está representando a realidade; o seu desenho não é realista e apresenta traços estilizados. Mas é possível reconhecer neles a representação de uma pessoa, de um objeto, de um ambiente. Então, quem precisa de desenho certinho para se expressar?
O problema é que a criança, quando não é estimulada em casa pela família, é estimulada na escola, que privilegia mais a linguagem escrita do que a pictórica, quando na verdade as duas deveriam caminhar juntas, uma complementando a outra. Isso até acontece, mas só nos anos iniciais. Depois disso, o desenho é oficialmente descartado do conteúdo programático. Uma prova disso é que as aulas de Educação Artística nas escolas acontecem apenas uma vez por semana, em curtíssimos cinqüenta minutos. Um verdadeiro descaso.
Dar desenhos prontos para colorir também não ajuda muito, porque a comparação é invevitável: aquele esquema prontinho para encher de cores dentro das linhas pretas inibe, pois o nível do desenho pronto, por mais simples que seja, está a quilômetros do nível inicial da criança.
Esse estigma de que “saber desenhar” é representar fielmente o mundo atinge também artistas famosos, que revolucionaram a maneira de ver e fazer arte, e por isso o senso comum os classifica como pseudo-artistas.
É comum escutar que o trabalho de Picasso é infantil. O problema é que o que ficou para a história da arte, pela revolução que causou, foi o Cubismo; mas Picasso começou como todo que quer ser pintor começa: aprendendo a retratar a realidade com precisão, para depois, se for o caso, simplificar, estilizar a sua arte.
Como ele mesmo disse, levou a vida toda para aprender a desenhar como uma criança.Paul Klee é outro artista que trabalha a expressividade no desenho, o balé das linhas. Se comparados com os desenhos realistas de Da Vinci, qualquer pessoa vai dizer que o de Klee é infantil.Mas quem criou esses critérios? Então, pare de aceitar que você não sabe desenhar. Se você sabe escrever, sabe desenhar.
E então, que tal tentar?
Obs: Homenagem do BLOG ao Dia Internacional do Desenhista (15 de abril)
Fontes: IBGE / Macaxeira Geral
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