terça-feira, novembro 18, 2008

CINEMANIA

Os grandes diretores de Cinema

Stanley Kubrick

Elogiado e criticado na mesma medida, Stanley Kubrick é considerado um dos cineastas mais importantes do século e responsável por uma obra polêmica. Algumas de suas obras mais famosas foram produzidas na Inglaterra e sua filmografia foge dos parâmetros de Hollywood.
Kubrick nasceu em 26 de julho de 1928, em Nova Iorque, EUA. Nunca foi um bom aluno, mas tinha o apoio do pai para a criatividade. Foi este quem o encorajou a aprender xadrez (se tornou um especialista no esporte) e lhe deu sua primeira máquina fotográfica. Aos 17 anos conseguiu emprego na conceituada revista Look como fotógrafo, mas logo descobriu que seu futuro estava ligado a outro tipo de câmera.
Estreou como cineasta de curta-metragens aos 22 anos. Aos 25, obteve uma grande ajuda financeira do pai, que penhorou a casa para a produção de “Fear and Desire” (1953), seu primeiro longa-metragem.
Nele atuou como produtor, diretor, montador e operador de câmara. Considerou o trabalho amador e, mesmo com algumas boas críticas, logo tratou de retirá-lo de circulação. Até hoje o filme permanece fora de catálogo, tendo sido exibido poucas vezes em festivais ou distribuído ilegalmente.
Em seguida, Kubrick realizou outro longa, “A Morte Passou Por Perto” (Killer's Kiss, 1955), outro filme pouco divulgado e de difícil acesso. Mas é a partir de “O Grande Golpe” (The Killing, 1956) que sua carreira começa a funcionar.
Seu primeiro sucesso foi "Glória Feita de Sangue" (Paths Of Glory, 1957) extraordinário filme de guerra, em que analisa profundamente os limites entre o patriotismo e a insanidade bélica. A ação se passa na França, o que ocasionou, por vários anos, a proibição da exibição do filme naquele país.
Sem conseguir tocar novos projetos, acabou substituindo Anthony Mann na direção de "Spartacus”, em 1960. Foi Kirk Douglas quem chamou Kubrick para dirigir o filme épico após a tensa demissão do veterano diretor Anthony Mann. Kubrick, com apenas 29 anos, assumiu o seu lugar. A boa relação com Douglas viria por água a baixo quando diferenças criativas se confrontaram. Mesmo com o sucesso do filme, ele decidiu que dali por diante só iria aceitar projetos que pudesse ter total liberdade criativa.
Foi com esse pensamento que se muda para a Inglaterra em 1962. Antes de se exilar na Inglaterra, ainda filmou Lolita, baseado em Nabokov, mais uma vez gerando escândalo e atraindo a fama de cineasta perigosamente radical (ou imoral).
Em 1964, o diretor lança outro clássico absoluto, “Doutor Fantástico”. Tendo como protagonista o comediante inglês Peter Sellers e como tema a ameaça nuclear, o filme é uma comédia de humor negro com atuações e roteiro primorosos. Kubrick teve sua primeira indicação ao Oscar de melhor diretor com esse filme.
Em 1968, após cinco anos de produção, chega às telas “2001: Uma Odisséia no Espaço”. Para muitas pessoas, é a melhor ficção científica já filmada, com efeitos especiais inovadores para a época, porém com uma recepção fria da crítica.
Em 1971 faz a adaptação do livro “A Laranja Mecânica”, de Anthony Burgess, focado na violência humana e, principalmente, na da juventude. Causou grande polêmica na época de seu lançamento e foi acusado de incitar a bárbarie.
Nos anos seguintes, faz três filmes totalmente diferentes: um longo filme de época, um terror de gelar a espinha e a sua visão da Guerra do Vietnã. O primeiro é “Barry Lyndon” (1975). Apesar de ser pouco conhecido, o filme é considerado por muito dos fãs de Kubrick, entre eles Martin Scorsese, como seu melhor trabalho. Barry Lyndon, interpretado magistralmente por Ryan O'Neal, é uma espécie de "talentosa fraude" que inevitavelmente é expulso de onde quer que esteja. Mesmo com todo o cuidado da produção, “Barry Lyndon” fracassou nos Estados Unidos, mas fez relativo sucesso na Europa. Levou quatro estatuetas douradas, mas de novo o admirável trabalho de Stanley como diretor não foi reconhecido pela maioria votante.
Um novo sucesso mundial ele voltaria a ter com o clássico “O Iluminado” (The Shining 1980), adaptação da obra de Stephen King. A história de uma família que passa uma temporada em um hotel nas montanhas até hoje faz sucesso onde quer que seja exibida.
Quase no final dos anos 80, Kubrick ressurgiria dando ênfase à guerra. Dessa vez a do Vietnã. Saída do livro de Gustav Hasford, “Nascido Para Matar” (Full Metal Jacket, 1987) é quase que uma versão "Kubrickiana" de “Apocalypse Now”. O filme é praticamente dividido em duas partes: a preparação para a guerra e o ambiente de combate. Kubrick disse que ficou frustrado com o fato de que antes da estréia do filme dois outros longas sobre o tema já tinham sido lançados com sucesso: “Os Gritos do Silêncio” (The Killing Fields, 1984) e “Platoon” (1986). Ainda como destaque da produção está o imenso set erguido em Londres para a batalha final.


Curiosidades

• A grande maioria de sua obra retrata personagens que sofrem um processo gradual de desintegração psicológica que muitas vezes as conduz à loucura.
• A grande maioria dos filmes de Kubrick possui ao menos uma cena importante que se passa em um banheiro.
• Avesso a dar entrevistas, Kubrick repugnava a falta de profissionalismo dos atores e suas personalidades mimadas. Um dos motivos para as repetições de cenas era o fato de que "os atores memorizavam, mas não compreendiam as falas”.
• Durante as filmagens de “O Iluminado” teve problemas de relacionamento. Consta que o ator Jack Nicholson teria ficado enfurecido com Kubrick devido ao seu perfeccionismo, dizendo-lhe: "só porque você é perfeccionista não quer dizer que seja perfeito".• O diretor sofria de insônia e ligava para o autor Stephen King de madrugada para fazer-lhe perguntas religiosas.
• Kubrick morreu exatamente 666 dias antes de 2001, na Inglaterra, o verdadeiro lar que adotou após brigas com a indústria cinematográfica de seu país (EUA).


Final de Carreira

Do seu último longa-metragem até ”De Olhos Bem Fechados” (Eyes Wide Shut 1999), passou-se um longo período sem nada assinado por Stanley. Lançado em 1999, o filme protagonizado pelo (até então) casal número um dos Estados Unidos, causou uma grande comoção entre os amantes da sétima arte. Tom Cruise e Nicole Kidman interpretam um casal em crise e foi adaptada de romance escrito por Arthur Schnitzler. A filmagem durou dois anos devido ao perfeccionismo de Kubrick, mas não foi o necessário para agradar a crítica e público. Kubrick faleceu no dia 7 de março de 1999, sem testemunhar a fria recepção que seu último trabalho obteve. O último projeto cinematográfico em que esteve envolvido, mas que por questões de saúde não dirigiu, foi “AI:Inteligência Artificial”, de Steven Spielberg.

Filmografia

1999 - EYES WIDE SHUT (DE OLHOS BEM FECHADOS)
1987 - FULL METAL JACKET (NASCIDO PARA MATAR)
1980 - THE SHINING (O ILUMINADO)
1975 - BARRY LYNDON (BARRY LYNDON)
1971 - A CLOCKWORK ORANGE (A LARANJA MECÂNICA)
1968 - 2001: A SPACE ODISSEY (2001: UMA ODISSÉIA NO ESPAÇO)
1964 - DR. STRANGELOVE OR: HOW I LEARNED TO
STOP WORRYING AND LOVE THE BOMB (DR. FANTÁSTICO)
1962 - LOLITA (LOLITA)
1960 - SPARTACUS (SPARTACUS)
1957 - PATHS OF GLORY (GLÓRIA FEITA DE SANGUE)
1956 - THE KILLING (O GRANDE GOLPE)
1955 - KILLER'S KISS (A MORTE PASSOU POR PERTO)
1953 - FEAR AND DESIRE


Prêmios e nomeações

- Recebeu quatro nomeações ao Oscar de Melhor Realizador, por "Dr. Strangelove or: How I Learned to Stop Worrying and Love the Bomb" (1964), "2001: A Space Odissey" (1968), "A Clockwork Orange" (1971) e "Barry Lyndon" (1975).
- Recebeu três nomeações ao Oscar como produtor, por "Dr. Strangelove or: How I Learned to Stop Worrying and Love the Bomb" (1964), "A Clockwork Orange" (1971) e "Barry Lyndon" (1975).
- Recebeu cinco nomeações ao Oscar como argumentista, por "Dr. Strangelove or: How I Learned to Stop Worrying and Love the Bomb" (1964), "2001: A Space Odissey" (1968), "A Clockwork Orange" (1971), "Barry Lyndon" (1975) e "Full Metal Jacket" (1987).
- Ganhou um Óscar de Melhores Efeitos Especiais, por "2001: A Space Odissey" (1968).
Recebeu duas nomeações ao Globo de Ouro, na categoria de Melhor Realizador, por "A Clockwork Orange" (1971) e "Barry Lyndon" (1975).
- Recebeu uma nomeação à Framboesa de Ouro de Pior Realizador, por "The Shining" (1980).
- Ganhou em 1997 um Leão de Ouro, no Festival de Veneza, pela sua contribuição ao cinema.
- Ganhou em 1997 um Prémio do Director's Guild of American, pelo conjunto da sua obra cinematográfica.
- Ganhou em 1988 o Prémio Luchino Visconti (Itália), pela sua contribuição ao cinema.


Viviane Ponst

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