A ciência que estuda a origem e a evolução dos instrumentos musicais é a "organologia", ao passo que aquela que se dedica à escrita é a "organografia". Por meio delas, foi possível reconstruir a história de diversos instrumentos, com maior destaque para os de sopro, percussão e teclado, já que estes possuem registros mais precisos. Mas os instrumentos de corda, como o violino e o violoncelo, ainda carecem de maiores informações.Wilson Freitas
Os primeiros contrabaixos
Os registros organográficos informam que por volta de 1450, passou-se a usar o registro de baixo, uma verdadeira inovação, cuja ausência era bastante reclamada pelos compositores, pois muitos achavam que sua música soava com timbres bastante agudos. Uma forma de contornar tal problema foi dividir os instrumentos em registros diferentes. No entanto, os resultados obtidos não foram satisfatórios.
Uma vez constatado tal obstáculo, surgiu a necessidade da invenção de instrumentos que fossem capazes de atingir regiões mais graves na escala. A solução encontrada foi a construção de instrumentos maiores, baseados na estrutura dos utilizados normalmente, tomando o cuidado de não efetuar mudanças estruturais que viessem a prejudicar a obtenção dos novos graves.
Um destes celeiros de construção foi a Itália. Naquele país, as violas tinham três tamanhos: gamba aguda, tenor e baixa. Foi neste período que surgiu o violone, que pode ser considerado como o parente mais próximo do moderno contrabaixo de orquestra. No início do século 17, ele se tornou o nome que designava o maior de todos os instrumentos: a viola contrabaixo. Isso se modificou somente após a segunda metade do século 18, quando o contrabaixo separou-se do violone. No final daquele século, o contrabaixo adquiriu sua forma estrutural definitiva, passando a integrar as mais diferentes formações musicais.
O domínio do grande contrabaixo acústico como única opção para a emissão de sons graves perdurou até 1951. A partir daí, tudo mudou com a invenção do primeiro baixo elétrico, construído por um técnico de rádio.
Foi então que um homem mudou para sempre o mundo da música dando ao contrabaixo um status até então desconhecido. Clarence Leo Fender, um técnico em eletrônica de 42 anos do sul da Califórnia, lançou, no fim de 1951 o mais revolucionário instrumento musical do século XX. Inspirado na guitarra elétrica Telecaster, a primeira de corpo sólido com características contemporâneas, que ele colocara no mercado apenas um ano antes, Fender criou a guitarra baixo elétrica, ou simplesmente baixo elétrico. Batizando-o de Precision, já que os trastos em sua escala de 34 polegadas permitiam precisão nas notas, rapidamente tornou-se conhecido entre os músicos, passando a ser chamado por eles de Fender Bass, por algum tempo. O tamanho da escala, considerada ideal até hoje, foi escolhido após muitas pesquisas e testes de erro e acerto por Leo e seu companheiro, George Fullerton. As escalas de 30 polegadas não permitiam que a corda vibrasse o esperado para produzir um bom som e a de 36 polegadas dificultava o músico, pelo tamanho das casas.
Seu desenho era arrojado e totalmente diverso do contrabaixo tradicional, assim como das tentativas fracassadas feitas anteriormente por Ampeg, Gibson, Audiovox e Regal. Seu corpo em ash com dois recortes, para permitir o acesso às notas mais agudas, braço em maple fixado ao corpo por quatro parafusos, com tarraxas Kluson de um só lado da mão e um captador em Alnico (liga de alumínio, níquel e cobalto) com controles de volume e tonalidade. Ele era ligado a um amplificador desenhado especialmente por Fender para reproduzir as freqüencias mais baixas do instrumentos (Bassman Amp), lançado na mesma época. O baixo elétrico nasceu pronto, sem que fosse necessária nenhuma evolução, como aconteceria com a guitarra, o órgão, e até mesmo a bateria. Se você tiver curiosidade de comparar o Fender Precision 51 com um modelo atual, verá que as modificações feitas foram meramente cosméticas ou ocasionadas pelo natural desenvolvimento tecnológico, sem alterar a concepção inicial. Não houve, na verdade, um protótipo, mas um modelo perfeito e definitivo.
Convidado por Leo Fender a visitar sua fábrica e experimentar o Precision Bass, o baixista William "Monk" Montgomery (irmão do guitarrista virtuose Wes Montgomery) foi um dos primeiros a divulgar o novo instrumento pelos EUA e Europa.
Fontes: Talk Bass / Cover Baixo
quinta-feira, outubro 30, 2008
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