As mudanças no tempo e a saúde
As mudanças bruscas de clima, que acontecem às vezes em apenas 24 horas, acabam por interferir com a saúde humana, mesmo em formas não tão gravosas como a gripe ou as infecções repiratórias.
Por estes dias, as manhãs e as noites são frias, não dispensando os casacos quentes e as camisolas mais grossas. Mas as tardes são geralmente quentes, fazendo com que as pessoas esqueçam os agasalhos e andem em mangas de camisa.
Estes picos de calor e de frio que ocorrem durante o dia podem provocar acidentes gripais ou simples constipações. As pessoas são apanhadas desprevenidas. Afinal, anormal nesta altura do ano são as variações de clima e de temperatura em apenas 24 horas.
Quando ventos provocados por anticiclones afetam uma certa região, também não é muito benéfico, principalmente para as pessoas que sofrem de alergia. Os poléns voam maiores distâncias e afetam maior número de pessoas. Mas as fortes rajadas podem ter algumas vantagens. Para quem vive no litoral, o vento muito forte também pode levar os pólens para o mar.
O aquecimento precoce também faz com que os ácaros fiquem com maior capacidade de alergenização. Médicos admitem que têm atendido pacientes com algumas crises alérgicas, mas não de muita gravidade. É uma sintomatologia própria da Primavera, que por vezes não é muito fácil diferenciar os sintomas da gripe de alguns dos sintomas de uma crise alérgica.
De qualquer modo, é válido lembrar a possibilidade de crises alérgicas mais agudas nestes meses de Primavera.
Além dos seres humanos, também as plantas sofrem com os picos de calor fora de época.
Polinização ocorre mais cedo
As alterações climáticas interferem também com o ciclo de vida das plantas. A vinda precoce da Primavera e os dias mais quentes de Inverno altera a fisiologia das plantas. Por exemplo, em árvores de fruto como as macieiras ou pereiras, se o Inverno for muito quente, os próprios gomos (conhecidas commumente por 'olhos') não evoluem para produzir flores e podem mesmo evoluir em ramos.
No caso dos pólens, causadores de alergias em algumas pessoas, quando o calor acontece ainda nos meses de Inverno, a polinização pode mesmo ocorrer mais cedo. No caso das ervas, a produção de flores, e consequente produção do pólen, pode ser adiantada. Isto pode levar a que crises alérgicas, habitualmente usuais na altura da Primavera, ocorram mais cedo.
Ataques cardíacos?
Dizer que mudanças no tempo podem estimular ataques cardíacos soa como algo que vai contra nossa intuição, mas a relação entre o tempo frio e ataques cardíacos tem sido considerada uma hipótese, com vários possíveis culpados: inflamação causada por gripe comum, o estresse de final de ano no hemisfério norte, além da maior pressão sangüínea em decorrência da constrição das veias. Somente recentemente os estudos epidemiológicos buscaram uma relação, e a maioria descobriu uma.
Em 2004, por exemplo, um grupo de cientistas britânicos usou informações da OMS (Organização Mundial de Saúde) para observar mudanças no tempo e as taxas de ocorrência de ataques cardíacos em mulheres com mais de 50 anos em 17 países em quatro continentes. O estudo descobriu que uma queda de temperatura de 5 graus Celsius estava associada, em geral, com um aumento de 7% no número de entradas em hospitais por derrames um aumento de 12% para ataques cardíacos.
Outro estudo, realizado na França, analisou 700 casos de entradas em hospitais em dois anos. Descobriu-se que, em pessoas com hipertensão, o risco de sofrer um ataque cardíaco dobrou quando a temperatura caiu para menos de -2,9ºC. A maioria dos estudos teve resultados similares. Mas um deles, elaborado por cientistas canadenses, que analisou taxas de ataques cardíacos e ventos Chinook em Calgary - que podem causar grandes variações na temperatura - não encontrou nenhuma relação entre eles.
O veredicto é indefinido. Mas a maioria dos estudos sugere que existe um aumento em casos de ataques cardíacos quando a temperatura cai.
Fontes: Ana Luísa Correia / UOL
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