A história da guitarra
Segundo os músicos e musicólogos, o termo “guitarra” provavelmente provém da remota palavra grega kithara.
Mas na língua portuguesa, o uso é completamente diverso. O termo “guitarra” refere-se exclusivamente à guitarra elétrica e a palavra “violão” é usado para se referir tanto à guitarra clássica, como à guitarra acústica, esta segunda com cordas de nylon ou mesmo com cordas de aço, como no caso do violão folk, ou como num violão ovation.
Acredita-se que o nome "violão" derive diretamente do termo “viola”, que designa vários instrumentos portugueses, da qual a viola caipira brasileira é uma evolução. Embora possua várias diferenças de timbre e de número de cordas, a viola é muito semelhante em formato ao violão, apenas menor.
Origem
Instrumentos similares aos que hoje chamamos de guitarras existem ao menos há 5 mil anos. A guitarra parece derivar de outros instrumentos existentes anteriormente na Ásia Central. Instrumentos muito similares à guitarra aparecem em antigos alto-relevos e estátuas descobertas em Susa, na Pérsia.
A guitarra, em forma muito próxima à guitarra acústica atual, foi introduzida na Espanha no Século IX, mas não se conhece com precisão toda a história deste instrumento. No entanto há duas hipóteses mais prováveis para a introdução da guitarra no ocidente.
A primeira hipótese é que a guitarra seria derivada da chamada khetara grega, que com o domínio do Império Romano passou a se chamar cítara romana, e era também denominada de fidícula. Teria chegado à Península Ibérica por volta do Século I com os romanos.
A segunda hipótese é de que este instrumento seria derivado do antigo alaúde árabe, nome originado da palavra al ud, (a madeira), e que teria sido levado para a Península Ibérica através das invasões muçulmanas.
Durante vários séculos de história a guitarra acústica ganhou diversas variedades. Há grandes variações em todas as características dos instrumentos: o tamanho e o formato da caixa de ressonância, o formato e a quantidade de aberturas frontais, o comprimento do braço, a quantidade das cordas, a extensão e a forma de afinação. Certas variedades se desenvolveram separadamente e se tornaram instrumentos específicos.
Foi Antonio de Torres, um luthier espanhol do século XIX que deu à guitarra a forma e as dimensões da guitarra clássica atual, a partir do qual, diversas outras variedades surgiram no século XX (como a guitarra de jazz, a guitarra folk e a elétrica).
O surgimento da guitarra elétrica
A guitarra elétrica surgiu, independentemente, pela mão de diversas pessoas nos anos 30. Inicialmente a eletrificação consistia em usar o próprio instrumento acústico com um microfone de voz dentro de sua caixa de ressonância.
Mais tarde esse microfone foi substituído pelo microfone de contato chamado captador ou, em inglês pickup.
Por nem sempre ser necessária uma caixa de ressonância acústica numa guitarra eléctrica, surgiram as primeiras guitarras maciças (Fender Stratocaster e Gibson Les Paul) nas décadas de 1950 e 60. As cordas passaram a ser metálicas e captadores magnéticos de indução começaram a ser utilizados.
Corpo e complexidade do instrumento
Toda guitarra, elétrica ou acústica, é composta basicamente das mesmas partes. A principal diferença entre elas está no corpo. As figuras abaixo mostram uma guitarra elétrica e uma acústica, com suas partes indicadas. A construção do baixo é semelhante à da guitarra elétrica. Para informações adicionais, consulte os artigos de cada uma das partes. Para as diferenças construtivas, consulte os artigos de cada variedade de guitarra.
Toda guitarra, elétrica ou acústica, é composta basicamente das mesmas partes. A principal diferença entre elas está no corpo. As figuras abaixo mostram uma guitarra elétrica e uma acústica, com suas partes indicadas. A construção do baixo é semelhante à da guitarra elétrica.
1- Mão ou paleta ou headstock
2- Pestana
3- Tarrachas ou cravelhas
4- Trastes
5- Tirante ou Tensor
6- Marcação
7- Braço
8- Tróculo (Junta do braço)
9- Corpo
10- Captadores
11- Potenciometros
12- Cavalete (ou ponte)
13- Protetor de tampo (ou escudo)
14- Fundo
15- Tampo
16- Lateral ou faixas
17- Abertura ou boca
18- Cordas
19- Rastilho
20- Escala
Alavanca e efeitos
Com o surgimento do rock nos anos 50, a guitarra ganhou um design e uma tecnologia que a estigmatizou como um instrumento-ícone do rock. Isso, de certa forma, afastou a guitarra de outras práticas musicais vigentes como a música de concerto mas, por outro lado, foi um instrumento bastante útil para o músico prático.
O advento da guitarra elétrica fez surgir um aparato de recursos tecnológicos como a alavanca de trêmolo, a distorção do som, a modificação do envelope sonoro e uma infinidade de recursos de produção de ruído.
Com essa gama de processamentos sonoros em tempo real, a produção sonora da guitarra alcança, através da eletrônica, uma via indireta, onde som final produzido pelo amplificador tende a ser completamente diferente o som original produzido pelo instrumento.
A alavanca, é uma parte da guitarra usada para efetuar um efeito chamado vibrato. Este efeito consiste em alterar a altura das notas de forma que elas transpacem a idéia de uma onda fluindo. Este efeito é muito utilizado em alguns rítimo agitados, porém é principalmente usado em rítimo de rock.
Afinação
Muitas afinações diferentes são possíveis dependendo da variedade do instrumento. A mais comum para instrumentos de 6 cordas é a “afinação padrão” (EADGBe). Note que a guitarra é um instrumento transpositor, ou seja, um instrumento que, por qualquer razão, tem suas notas anotadas na partitura em altura diferente daquela que realmente soa. Os instrumentos que soam como escrito são chamados não transpositores.
Guitarristas que fizeram história
- Chuck Berry
É apontado por muitos como o inventor do Rock and Roll. Enquanto ainda existem controvérsias sobre quem lançou o primeiro disco de rock, as primeiras gravações de Chuck Berry, como "Maybellene", de 1955, sintetizavam totalmente o formato rock and roll, combinando blues com música country e versos juvenis sobre garotas e carros, com dicção impecável e diferentes solos de guitarra.
Como exemplo de sua influência profunda, podemos lembrar das bandas inglesas dos anos 60. The Beatles, Animals, Rolling Stones, entre outros, regravaram suas músicas. Os Rolling Stones literalmente basearam seu estilo de tocar rock 'n' roll no dele. Quando Keith Richards (guitarrista dos Stones) premiou Berry no Hall da Fama em 1986, disse ter copiado todos os acordes que ele já tocou.
Chuck Berry teve seis de suas músicas incluidas na Lista das 500 melhores canções de sempre da Revista Rolling Stone, sendo "Johnny B. Goode" a sétima da lista. Com relação à sua música mais famosa, "Johnny B. Goode", há, ainda, a curiosidade de ser um dos sons humanos levados pelas naves Voyager 1 e 2 para o espaço, caso haja contato com seres extraterrestres.
- Jimi Hendrix
Hendrix é amplamente considerado um dos mais importantes guitarristas da história.
Como guitarrista, ele se inspirou nas inovações de músicos do blues, tais como B. B. King, Albert King e T-Bone Walker, assim como nos guitarristas de R&B (rhythm and blues), tais como Curtis Mayfield. Jimi Hendrix é considerado por muitos como, o maior guitarrista de todos os tempos. Ademais, ele ampliou a tradição da guitarra no rock: apesar de guitarristas anteriores, como Dave Davies (de The Kinks), e Pete Townshend (de The Who) terem empregado recursos como o "feedback" (realimentação), distorção e outros efeitos especiais, Hendrix, graças às suas raízes no blues, na soul-music e no R&B, foi capaz de usar estes recursos de uma forma que transcendia suas fontes.
Parte do estilo único de Hendrix se deve ao fato dele ter sido um canhoto que tocava uma guitarra para destros virada ao contrário com suas cordas invertidas. Embora ele tivesse e usasse diversos modelos de guitarra durante sua carreira (incluindo uma Gibson Flying V que ele decorara com motivos psicodélicos), sua guitarra preferida, e que será sempre associada a ele, era a Fender Stratocaster, ou "Strat". Ele comprou sua primeira Strat por volta de 1965, e usou-as quase constantemente durante o resto de sua vida.
Uma característica da Strat que Hendrix utilizou ao máximo foi a alavanca de trêmolo, patenteada pela Fender, que o habilitou a "entortar" notas e acordes inteiros sem que a guitarra saísse da afinação. O braço relativamente estreito da Strat, de fácil ação, foi também perfeito para o estilo envolvente de Hendrix e potencializou enormemente sua grande destreza - como pode ser visto em filmes e fotos, as mãos de Jimi eram tão grandes que lhe permitiam pressionar todas as seis cordas com apenas a parte de cima do seu polegar, e ele podia, pelo que dizem, tocar partes rítmicas e solos simultaneamente.
Hendrix foi também um revolucionário no desenvolvimento da amplificação e dos efeitos com a guitarra moderna. Sua alta energia no palco e volume elevado com o qual tocava requeriam amplificadores robustos e potentes. Durante os primeiros meses de sua turnê inicial ele usou amplificadores Vox e Fender, mas ele rapidamente descobriu que eles não podiam aguentar o rigor de um show do Experience. Felizmente ele descobriu o alcance dos amplificadores de guitarra de alta potência fabricados pelo engenheiro de áudio inglês Jim Marshall e eles se mostraram perfeitos para as necessidades de Jimi. Assim como ocorreu com a Strat, Hendrix foi o principal promotor da popularidade das "Pilhas Marshall" e os amplificadores Marshall foram cruciais na modelagem do seu som pesado e saturado, habilitando-o a controlar o uso criativo de "feedback" (N.T. re-alimentação) como efeito musical.
Hendrix foi também constante na procura de novos efeitos de guitarra. Ele foi um dos primeiros guitarristas a se lançar além do palco a explorar por completo as totais possibilidades do pedal wah-wah. Ele também teve um associação muito proveitosa com o engenheiro Roger Mayer e fez uso extensivo de muitos dos dispositivos desenvolvidos por ele, incluindo a "Axis Fuzz Unit" , o "Octavia octavia doubler" e o "UniVibe", uma unidade de vibrato desenvolvida para simular eletronicamente os efeitos de modulação dos alto-falantes Leslie.
O som de Hendrix era uma mistura única de alto volume e alta força, controle preciso do "feedback" e uma variação de efeitos de guitarra cortantes, especialmente a combinação "UniVibe"-"Octavia", que pode ser escutada na sua totalidade na versão ao vivo de 'Machine Gun' gravada pela 'Band of Gypsys'.
Jimi Hendrix foi um símbolo e jamais será esquecido por sua música e seu espirito de trabalhador exigente, mas criativo acima de tudo.
- Eddie Van Halen
Eddie não foi o inventor da técnica "two hands", assim como o "tapping" e a técnica de digitação como muitos dizem, mas foi quem as popularizou.
Pra quem ainda não sabe, a técnica two hands consiste em tocar a guitarra usando-se as duas mãos no braço do instrumento. Já o tapping, usa-se o dedo indicador dando toques, batidas rápidas, em cima do traste.
Eddie foi um verdadeiro revolucionário em se tratando do instrumento. Ele desenvolveu o sistema de micro-afinação, que simplesmente aterrorizava os guitarristas que muito usavam a alavanca antigamente.
O sistema também apresentou a famosa trava no último traste do braço, antes do headstock, permitindo então, que se use a alavanca e que se tenha as cordas de volta na mesma posição inicial, sem desafinarem.
Em meados de 95, Eddie criou outro sistema patenteado como EVH D-TUNA, que consiste em facilitar a mudança de afinação da corda E (mi) para D (ré) sem a necessidade de interferir na tarraxa ou no sistema de micro-afinação.
Eddie foi o primeiro a criar seu próprio shape de guitarra e a fazer experiências com captadores, chegando ao ponto de ele mesmo rebobinar os fios da bobina do captador e até mergulhá-los em parafina, a fim de se evitar a microfonia.
Eddie provou que não se tem o melhor som de guitarra com um maior número de captadores na mesma.
Extremamente perfeccionista, Eddie queria um som de Les Paul no corpo de uma Stratocaster. Isso por ele dizer que seu corpo não se encaixava ou se adaptava ao corpo de uma Les Paul, e também por achá-la muito pesada.
Foi assim que Eddie chegou na sua mais famosa e bizarra experiência: a guitarra Frankenstrat. A Fender recentemente lançou um lote de réplicas da famosa Frankenstrat.
Detalhe interessante, é que as réplicas vêm de fábrica com os mesmos "defeitos" e gambiarras da Frankenstrat original de Eddie: as queimaduras de cigarro no headstock, os ralados e esfolados, o captador single coil desligado próximo ao braço, o buraco do captador single coil do meio aberto, o escudo recortado, um botão único somente p/ volume e a moeda fixada no corpo da guitarra nivelando o Floyd Rose.
Se os atuais deuses da guitarra usam e abusam de tais tecnologias e opções, que agradeçam ao gênio Eddie Van Halen.
Além de tudo isso, Eddie foi sem dúvida alguma o guitarrista mais influente dos últimos tempos.
- Steve Vai
Considerado o melhor guitarrista da atualidade, Steve é citado como influência por inúmeros guitarristas desde a década de 1980 (pós-Eddie Van Halen) em diante.
Steve ficou fascinado com a música de Frank Zappa. Em uma entrevista a revista Guitar Player Norte Americana, Steve disse que inúmeras vezes, telefonou para Zappa tentando contato (sem muito sucesso), contudo, com muita insistência, Frank atendeu o telefone e perguntou o que Steve desejava. Steve disse que não existia ninguém capaz de transcrever em partituras, com tanta perfeição quanto ele, as músicas de Zappa. Então Zappa, curioso, o autorizou e tão logo Steve enviou pelo correio transcrições dos solos de guitarra de Zappa para o próprio, e após encontrar Steve pela primeira vez, Zappa ficou tão impressionado com as habilidades do jovem que o convocou para trabalhar transcrevendo suas intermináveis seqüências de rock sinfônico experimental.
Enquanto trabalhava para Zappa, Steve viajava com a banda em turnê e tomava parte numa espécie de competição com o público, onde pessoas traziam partituras e Steve tentava lê-las à primeira vista.
No final de 1985, Steve juntou-se à banda do ex-vocalista do Van Halen, David Lee Roth, e participou de dois álbuns: Eat 'Em and Smile e Skyscrapper. Essa passagem pela banda de David o proporcionou grande fama entre o público de rock, uma vez que David estava em uma guerra declarada contra os membros do Van Halen e Steve era inevitavelmente comparado a Eddie Van Halen.
Em 1990, Steve lançou seu álbum solo Passion and Warfare, largamente aclamado pela crítica. Isto sedimentou sua posição no topo dos guitarristas "virtuosos".
Enquanto as contribuições de Steve a outros artistas tem sido restrita ao estilo rock ou hard rock, suas composições próprias são consideravelmente mais esotéricas.
O estilo de tocar de Steve Vai é bastante peculiar e teatral, carregado de gestos, e caracterizado por sua facilidade técnica com a guitarra e seu conhecimento de teoria musical.
Steve ajudou a desenvolver sua série de guitarras, conhecida como JEM, com a fábrica japonesa Ibanez. Essas guitarras possuem uma alça de mão (geralmente chamada de monkey grip, ou "pegada do macaco") talhada no corpo da guitarra, fazendo um buraco no mesmo.
Steve também tem sido creditado como o responsável pelo ressurgimento da guitarra com 7 cordas. As primeiras antigas foram tocadas pelo guitarrista de jazz George Van Epps, nas décadas de 1930 e 1940, mas o conceito foi reintroduzido no rock por Steve.
Steve está por trás da versão de 7 cordas da JEM, chamada Universe. Esta guitarra influenciou muitos guitarristas, principalmente os do estilo conhecido como new metal, surgido no final da década de 1990.
Steve também trabalhou com a Carvin para desenvolver a linha de amplificadores de guitarra Legacy. Steve queria criar um amplificador superior a todos os que ele já tinha usado, em termos de som e versatilidade.
Ao longo de sua carreira musical, Steve Vai usou e desenvolveu muitas guitarras. Ele já teve seu próprio sangue colocado na pintura psicodélica de uma de suas guitarras JEM, chamada JEM2KDNA (ou simplesmente DNA, em alusão ao DNA presente no sangue) – apenas 300 guitarras foram feitas utilizando esta pintura.Um ponto interessante a ser notado é o compromisso de Steve com o ato de estudar e praticar. Ele declarou em vários textos e a várias revistas especializadas de guitarra que pratica cerca de oito horas por dia ou mais – hábito adquirido nos seus primeiros anos de faculdade.
Fonte: Wikipédia
Sobre Eddie Van Halen: texto de Ricardo M. Freire
domingo, setembro 07, 2008
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