segunda-feira, agosto 25, 2008

Você sabia?

Você sabia que os mosquitos, por meio dos parasitas que carregam, são os animais que mais matam no mundo?

Desde que os primeiros humanos caminharam sobre a Terra, os homens travam uma batalha de vida ou morte contra esses pequenos insetos, que tornaram regiões inabitáveis, exterminaram povos e chegaram a mudar o rumo de guerras. Os casos recentes de dengue no Rio de Janeiro lembraram aos cariocas o que já era óbvio para os parentes de um milhão de pessoas que morrem de malária todos os anos: com sua sede de sangue e com os parasitas que carregam, os mosquitos são os mais antigos e poderosos inimigos da espécie humana. Qualquer descuido no controle desses insetos - também conhecidos como pernilongos ou muriçocas - é punido com mortes e doenças.
O mosquito serve apenas a si próprio. Ele não ajuda a aerar o solo como as formigas, não ajuda a polinizar as plantas como as abelhas, nem serve de alimento essencial para outros animais.
Durante a refeição, o mosquito absorve não só o sangue, mas também qualquer parasita que esteja nele, que pode se desenvolver dentro do corpo do inseto. Ao picar uma pessoa com filariose, por exemplo, também conhecida como elefantíase, ele absorve vermes ainda em seus primeiros estágios. No estômago dele, os microorganismos abrem caminho até os músculos das asas, onde começam a crescer. Dirigem-se então para a cabeça, se instalam nas lâminas que furam a pele da vítima e pronto: o verme se projeta na ferida e vai para os vasos linfáticos da presa, onde pode crescer até ficar do tamanho do braço de um homem adulto. Como em algumas pessoas o sistema imunológico reage acumulando líquidos, braços, pernas e genitais incham até tomar proporções gigantescas.
Apesar de causar tanta destruição em animais grandes como nós, os mosquitos, com seu tamanho insignificante, permanecem incólumes às doenças que transmitem. Eles continuam picando outras pessoas, espalhando a doença e até adquirindo novos parasitas, o que facilita ainda mais a dispersão de epidemias.
Há 20 000 ou 30 000 anos, quando as sociedades humanas não passavam de pequenas tribos isoladas, as epidemias tinham um impacto localizado: ou dizimavam a população inteira ou davam imunidade (ao menos parcial) aos que sobreviviam. Quando o homem começou a comerciar e a guerrear em lugares distantes, viajantes que não tinham imunidade logo descobriram a dureza que era sobreviver em terras estrangeiras. Durante o Império Romano, por exemplo, qualquer estrangeiro que passasse o verão na Itália corria o risco de ser contaminado pela malária. Os exércitos que tentavam cercar Roma perdiam facilmente metade de seus homens para as doenças. As enfermidades também podiam ser transportadas para lugares distantes. Os mesmos navios que trouxeram os escravos da África para a América levaram os mosquitos que transmitem a febre amarela, a malária e a dengue.
Foi o médico cubano Carlos Finlay, em 1880, quem descobriu que os mosquitos podiam transmitir doenças. Poucas pessoas levaram a hipótese a sério até 1900, quando tropas americanas em Cuba sofreram diversas baixas devido à febre amarela. Uma equipe chefiada pelo médico Walter Reed analisou os casos da doença e conseguiu provas de que a teoria de Finlay estava correta.
Nenhum cientista de bom senso acredita que um dia chegaremos a eliminar em definitivo os mosquitos. Eles são tantos e tão variados que é praticamente impossível exterminá-los. Algumas espécies são capazes de voar a milhares de metros de altura; outras são tão resistentes que chegam a sobreviver em locais de temperaturas tão gélidas e secas quanto o ártico ou tão úmidas e quentes quanto uma floresta tropical. Além disso, os cientistas ainda têm muitas questões sem resposta em relação aos mosquitos. Não se sabe, por exemplo, como eles distinguem o ser humano de outros animais, nem por que as espécies transmitem determinadas doenças e são imunes a outras.
Há quem pensa alterar os mosquitos geneticamente para impedir que transmitam doenças. Diversas equipes ao redor do mundo estão tentando modificar a sua programação genética para criar variações que não possam carregar parasitas. Se um grande número desses mosquitos modificados for lançado no ambiente, é possível que os genes se espalhem por toda a população desses animais e eles se tornem incapazes de fazer com que novas epidemias se alastrem.

Por enquanto, as medidas de maior sucesso ainda são alguns inseticidas e a destruição dos lugares em que eles se reproduzem. Até que uma solução definitiva apareça, qualquer descuido pode ser fatal. Que o digam as mais de 120 mil vítimas de dengue registradas no Estado do Rio de Janeiro e as mais de 2 milhões de pessoas que morrem de outras doenças transmitidas por mosquitos por ano.


Algumas doenças transmitidas por mosquitos

- Malária
Principal trasmissor: Anopheles.
Tem o corpo amarronzado e três longos aparelhos bucais na cabeça. Pousa com o corpo inclinado
Sintomas: Dores musculares e de cabeça, febre, calafrios, náusea, suor excessivo e, nos casos mais graves, deterioração dos rins e convulsões
Casos no mundo: 300 a 500 milhões por ano

- Febre amarela
Principal trasmissor: Aedes aegypti.
Também é chamado de pernilongo-rajado, por ter o corpo todo preto com linhas e articulações brancas. Tem asas claras e translúcidas
Sintomas: Febre, dores musculares e de cabeça, tremores, náusea. Em 15% dos casos, pele amarelada, sangramento na boca, nariz, olhos e deterioração dos rins
Casos no mundo: 200 mil por ano

- Dengue
Principal trasmissor: Aedes aegypti.
Também é chamado de pernilongo-rajado, por ter o corpo todo preto com linhas e articulações brancas. Tem asas claras e translúcidas
Sintomas: Febre, dor de cabeça, muscular e abdominal, fadiga e sangramento nas gengivas
Casos no mundo: 50 milhões por ano

- Filariose (elefantíase)
Principal trasmissor: Culex pipiens.
Conhecido como mosquito doméstico tropical, alimenta-se durante a noite
Sintomas: Larvas no sistema linfático e, em alguns casos, elefantíase nos braços, pernas, seios ou genitais
Casos no mundo: 120 milhões de pessoas infectadas

- Leishmaniose
Principal trasmissor: Flebótomos.
Também chamado de mosquito-palha, tem asas grandes e pernas compridas
Sintomas: Há quatro tipos, cada uma com sintomas diferentes, que vão de úlceras na pele a destruição de membranas, mucosas, febres e anemia
Casos no mundo: 12 milhões por ano

- Oncocercose (Cegueira dos rios)
Principal trasmissor: Simuliídeos. Chamados de borrachudos, têm até 6 milímetros de comprimento e costumam picar durante o dia
Sintomas: Lesões oculares, cegueira, vertigem, tosse, elefantíase nos genitais, coceiras e despigmentação da pele
Casos no mundo: 180 milhões de pessoas infectadas


Fonte: Superintressante

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